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De Roma antiga ao Brasil atual

Veja as dicas de livros sugeridos pela Editora UFPR

Alan Santiago

A Editora UFPR selecionou dez obras imperdíveis para quem quer aproveitar melhor o 12º Feirão de Livros, que inicia hoje (5/4/2022) e segue até dia 10 deste mês. Na lista abaixo, há opções para os amantes de história, para as crianças e também para os que gostam de literatura. Acompanhe.

EDITORAS PARTICIPANTES

1. Os gregos acreditavam em seus mitos?, de Paul Veyne (Editora Unesp)

A resposta mais curta à pergunta do título é: sim e não. Para explicar esse aparente contrassenso, um dos maiores especialistas do mundo em Antiguidade, Paul Veyne, mostra, neste curtíssimo livro, de que maneira gregos e gregas entendiam os conceitos de “verdade”, “história” e “mito” e como, a partir deles, teciam uma intimidade específica com os deuses — é que essas três ideias tinham muito mais a ver com tradição que com aquilo que entendemos contemporaneamente por prova material.

2. Angu de sangue, de Marcelino Freire (Ateliê Editorial)

Marcelino Freire tem uma literatura sui generis, porque mistura no mesmo balaio o gingado das ruas com o balanço rítmico da poesia. Desse amálgama surge uma narrativa ao mesmo tempo crua e lírica, como se pode ver neste primeiro dos seus vários livros de contos. Lançado em 2000, o trabalho mostra um autor totalmente cônscio do ofício, mais do que de escritor, de observador e crítico da sociedade brasileira no que ela tem de mais cruel.

3. Homem-bicho bicho-homem, de Itamar Assumpção e Dalton Paula (Caixote)

Quem conhece a verve do cantor e instrumentista Itamar Assumpção, um dos expoentes do movimento musical Vanguarda Paulista, não vai se admirar de que, antes de morrer prematuramente aos 53 anos em 2003, ele tenha deixado escrito uma série de poemas para crianças. O primeiro volume, que agora vem a público, é dedicado à relação entre os seres humanos e os animais; aqui Assumpção preserva todas as qualidades que o distinguiram naquele outro campo artístico: o ritmo, a rima, o humor.

4. A ralé brasileira, de Jessé Souza (Contracorrente)

As populações superempobrecidas das grandes cidades, esmagadas por uma invisibilidade tanto social quanto institucional que as exclui do próprio direito à cidadania, ganharam a atenção do sociólogo Jessé Souza e de um grupo de outros pesquisadores que durante anos investigaram essas pessoas na sua humanidade: as mulheres (empregada doméstica, prostitua etc.) e os homens (crente, delinquente, trabalhador braçal etc.) nas particularidades de cada um. O estudo, já clássico da área, é ainda uma crítica à própria ciência social brasileira, que se mostrou conservadora e indiferente ao cerne de certos problemas do país.

5. Epopeia de Gilgámesh, de Jacyntho Lins Brandão (tradução) (Autêntica)

Muito anterior a Homero, muito anterior a Hesíodo, este longo poema, que deve datar de 4 mil anos atrás e hoje se encontra cheio de lacunas, destaca a relação íntima entre Gilgámesh e Enkídu e foca-se na busca do personagem que dá título à obra pela imortalidade. Não seria exagero dizer que esta epopeia trata em essência dos únicos temas que afligem a humanidade verdadeiramente desde o início dos tempos: o amor e a morte. (Mas dessa vez em sua versão, quem sabe, mais primeva.)

EDITORA UFPR

1. Virginia Woolf, de Jaqueline Bohn Donada (tradução e organização)

A professora Jaqueline Bohn Donada compilou e traduziu alguns textos que, mesmo sendo assinados por Virginia Woolf, expoente do modernismo inglês, tinham até então escapado ao mercado editorial: essas entradas de diários, ensaios e cartas revelam as contradições do pensamento da autora no seu “impulso autocrítico e autorreflexivo”; deixam a descoberto também a relação ambivalente que nutria por James Joyce, após a leitura de Ulysses, e Katherine Mansfield, com quem travou uma relação de amor e desapreço.

2. A Terra, de Nicolas Camille Flammarion

O autor francês foi uma espécie de Carl Sagan do século XIX. Divulgador científico e renomado astrônomo, escreveu e publicou, com um sucesso que as reiteradas reimpressões e reedições não deixam mentir, o livro Astronomia popular: descrição geral do céu, extenso volume que observa em detalhes cada um dos astros do sistema solar. De fato, o conhecimento científico sobre o cosmos avançou muito desde que o escritor compôs a obra, mas o estilo absolutamente cativante e poético através do qual Flammarion enxerga os fenômenos naturais vale ser lembrado mesmo depois que incessantes voltas ao redor do Sol fizeram este trabalho ficar empoeirado nas prateleiras.

3. A fronteira, de David Cureses

Nesta peça que ganhou o prêmio Argentores de Drama em 1960, o dramaturgo argentino usa-se do mito de Medeia, a mãe que num ato desesperado mata os próprios filhos, para refletir sobre os sofrimentos infligidos às populações nativas das sociedades coloniais nas Américas. Por isso situa a trama nos pampas de seu país durante a chamada Conquista do Deserto, campanha militar que levou o Exército cristão a uma encarniçada luta contra os povos originários pela posse da terra. Nas figuras da indígena Bárbara e do Capitão Jasão Ahumada, o texto não deixa de lado discussões a respeito de gênero, raça e classe.

4. A arte no teatro, de Manuel de Macedo

Parte da Coleção Biblioteca do Povo e das Escolas — que reunia volumes introdutórios destinados aos estudantes portugueses que viveram no século XIX —, A arte no teatro, nesta nova edição, recupera o texto original, acrescendo-lhe notas e comentários que muito ajudarão os que têm interesse em entender como funcionava o teatro naqueles tempos. Manuel de Macedo, homem dos bastidores e das coxias, apresenta os elementos fundamentais que compunham o ofício: o maquinismo do palco, a cenografia, a iluminação, o figurino, a elaboração cênica e até mesmo os caracteres econômicos. 

5. Gladiadores na Roma antiga, de Renata Senna Garraffoni

A palavra “gladiador” traz logo à mente homens empobrecidos ou escravizados que lutavam nas arenas romanas (entre si ou contra animais ferozes, também exóticos) para divertimento de uma plateia sedenta por sangue. Talvez não seja bem assim. Ou pelo menos não é tudo. Esses estereótipos — da turba sanguinária, do combatente inquebrantável, das arquibancadas de pedra etc. — são reavaliados pela professora Renata Senna Garraffoni e enfim postos no lugar que lhes é devido. Nesta obra, ampliada para a segunda edição, o caráter simplista de tal visão sobre o Império Romano é abandonado em favor de uma perspectiva mais complexa e mais real da vida dessas pessoas, que não tinham uma existência restrita às lutas.

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